quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

HUMANOS


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A TESOURA

Com seu gélido fio de aço cortante,
Guiada por manápula ébria de esmero,
Corta aqui, recorta ali em desespero,
Por zelo às suas linhas, do talho amante.

Assim se releva, hábil perante
Mil botões que se abotoam em austero
Silêncio, como as batinas do clero
Se abotoam perante um bispo arrogante.

De dia, de noite; de noite, de dia,
Corta com esgar de lâmina fria,
Pois lhe foi dado mando e poder.

Se alguém ousar questionar-lhe o ofício,
Por panos muitos e muito artifício,
Cortado será, sem piar, sem saber.

Luís R Santos

EDWARD - MÃOS DE TESOURA

sábado, 12 de janeiro de 2013

Quadros

Escrevo minha história
Mas não me valendo de um simples lápis que rabisca um papel

Escrevo com a letra do momento
Com capítulos de sentimentos
Outros de músicas
Alguns de contento
Da mais pura felicidade

Há espaço para amizades
Para amores
Para o amor

E infelizmente
Para dores
Dissabores
E inimizades

Mas a vida é assim
Se tudo fosse como gostaríamos
Com certeza o mundo estaria pior

Escrevo também com as lembranças
Que se esvaem com o tempo
Mas outras são eternas

Nossa jornada é escrita com acontecimentos
Que são quadros
Na parede da memória
Alguns são bonitos
Outros feios
Mas não deixam de ser quadros


Roldan Alencar




sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

FELICIDADE

Não se acostume com o que não o faz feliz, 
revolte-se quando julgar necessário. 
Alague seu coração de esperanças,
 mas não deixe que ele se afogue nelas. 
Se achar que precisa voltar, volte! 
Se perceber que precisa seguir, siga! 
Se estiver tudo errado, comece novamente. 
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a. 
Se perder um amor, não se perca! 
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

LEALDADE



Pigmaleão

Vênus
A escultura da perfeição
Galatéia
Em Pompéia
A felicidade do desejo intenso
Realiza o impossível
Acreditar faz toda diferença
Eu acredito
E como acredito
Num feliz final
Mesmo que após um triste começo
E eu não me esqueço
Que posso celebrar
A cada chuva que cai
Mesmo que lentamente
E mesmo que eu não conheça a seca
E nem a fome
Me fartarei
Dos manjares
Que eu nunca mereci
E ouvirei as canções
Que não são para mim
E dançarei
Até eu me lembrar dos passos
Que eu nunca aprendi


Roldan Alencar
Campo Grande-MS Agosto de 2011

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

LUA ADVERSA

LUA ADVERSA 

Tenho fases, como a lua 
Fases de andar escondida, 
fases de vir para a rua... 
Perdição da minha vida! 
Perdição da vida minha! 
Tenho fases de ser tua, 
tenho outras de ser sozinha. 

Fases que vão e vêm, 
no secreto calendário 
que um astrólogo arbitrário 
inventou para meu uso. 

E roda a melancolia 
seu interminável fuso! 
Não me encontro com ninguém 
(tenho fases como a lua...) 
No dia de alguém ser meu 
não é dia de eu ser sua... 
E, quando chega esse dia, 
o outro desapareceu...

Cecília Meireles



terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Estáticos


Pensamos em olhar para frente
Sem esquecer o passado
Vivendo o presente
Céticos ou não
A vida pode trazer grandes surpresas
E se ficarmos parados
Talvez nunca as encontraremos
Eu penso em viver assim e tento viver assim
Talvez eu já esteja vivendo minha surpresa
E não vou deixa-la escapar

Roldan Alencar

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Perguntas sem respostas!

           E temos tantas indagações. Perguntas sem respostas. E pensamos por que isso? Por que aquilo? Seria mais simples se...seria melhor com...Sentimo-nos às vezes injustiçados, outras vezes "abençoados". E nesse viés fica fácil entender o motivo de tantas crenças e religiões. Por mais que façamos tudo que está ao nosso alcance, nos sentimos vazios. E o vazio "deve" ser preenchido. E isso é trivial mesmo. Até nas coisas mais simples sentimos esse vazio; quando compramos algo que queríamos com muito afinco e finalmente conseguimos, a euforia, se houver, passa depressa, na maioria das vezes. (e não precisa ser nenhum especialista pra dizer o que estou dizendo). 

         Somos imediatistas??? Será mesmo??? De fato queremos tudo logo e a vida quase sempre diz um sonoro NÃO! (assim podemos pensar) Na verdade, somos "imediatistas futuristas", pois tentamos fazer o que dá pra ser feito no presente e sempre sonhamos com algo melhor no futuro. E isso é o que nos faz viver (pensar que a vida será melhor). Pensar que o futuro será pior é deprimente. Assim, por mais que queiramos ou sejamos altruístas, nossa preocupação verdadeira é com o próprio eu  (não que isso seja ruim, mas também, não é necessário pisar em ninguém). E para que sejamos "felizes" ou para que possamos "sobreviver" e não "subsistir"  (antes mesmo de nascer) somos submetidos a um manual de vida. 

         Devemos seguir passos, devemos ser bem educados, ir a escola, depois à faculdade e bingo, eureca, saravá!! Um ótimo emprego, agora sim. Você pode curtir o grana do seu labor e aproveitar a vida sem maiores responsabilidades (diga-se família, filhos, etc e não que isso deva ser feito após a obtenção de um emprego) ou como já dito, constituir família. Ter filhos, mimar os netos e morrer feliz. Amém! Enfim, isso é um modelo de manual entre os milhões que existem. A verdade é que somos impelidos a padrões sociais. Podemos modificá-los, não concordar ou simplesmente segui-los. O fato é que em algum momento o senso será realmente comum. 

      Qual o preço da felicidade? Dinheiro traz felicidade? Não. Então me dê o seu e viva feliz. Será que vivemos para comer ou comemos para viver?  Criamos um mundo de prazeres, porque viver é ter prazer. Cada um com seu jeito, seja ele normal, careta, bizarro, moral, imoral ou amoral. Mas a vida tem seu lado ruim:  a morte, a doença, o sofrimento, a desigualdade. Já dizia o poeta: "Tristeza não tem fim, felicidade sim".  A certeza da morte física é certa (pelo menos por enquanto), e para alguns haverá o céu e o inferno,  o juízo final, para outros a Terra é o céu e o inferno...

        O mundo gigante e ao mesmo tempo minúsculo. O tempo tão longo que passa em segundos. Talvez sejamos pedreiros, estudantes, ateus, à toas, funcionários públicos, concurseiros, garis, presidentes, amigos, rivais, chatos, legais, mudos, falantes, preguiçosos. Todos inquilinos da mesma casa.

     Talvez procuraremos a pessoa certa a vida inteira, talvez já a conhecemos. Talvez tenhamos medo da morte, talvez zombemos dela. Bebemos e fumamos, ou só bebemos ou só fumamos. Ou talvez nada disso.  Quem sabe? Eu posso adorar dormir e ter insônia  ou posso morrer de sono e não dormir porque tenho que trabalhar.

        Coincidência, sorte, azar, destino, vontade, perseverança, desejo, motivo, vida, morte, certeza, dúvida, doença, sofrimento, dor, alegria, diversão, paixão, compaixão, amor e ódio. Palavras que carregam muitos outros elementos em si. E as perguntas ressoam sem fim. 

            Para concluir o post, parafraseio o grande ícone da música pop Bob Dylan: "The answer my friend is blowin' in te wind"


Roldan Alencar
"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector