quarta-feira, 4 de outubro de 2023

A Tragédia dos Comuns: Um Alerta para a Sustentabilidade Ambiental e a Governança de Recursos


por Roldan Alencar

Resumo: A "tragédia dos comuns" é um conceito que ecoa além dos corredores acadêmicos, desempenhando um papel crucial na maneira como entendemos os desafios contemporâneos de gestão de recursos naturais. Este breve artigo explora a essência desse conceito, introduzido por Garrett Hardin em seu artigo seminal de 1968, e revela suas implicações para a sustentabilidade ambiental e a governança de recursos compartilhados. À medida que enfrentamos crescentes preocupações relacionadas ao meio ambiente e à exploração de recursos naturais, a tragédia dos comuns serve como um alerta e uma lição valiosa.

Introdução

A humanidade tem enfrentado uma série de desafios complexos em relação à gestão de recursos naturais, desde florestas e pastagens até oceanos e água potável. Estes recursos, muitas vezes, são compartilhados por diversas partes interessadas, e a forma como eles são utilizados tem implicações diretas no bem-estar de sociedades e ecossistemas inteiros. Neste artigo, exploraremos o conceito da "tragédia dos comuns" e sua relevância contínua no contexto da sustentabilidade ambiental e da governança de recursos.

A Tragédia dos Comuns: Entendendo o Conceito

A tragédia dos comuns, como delineada por Garrett Hardin em seu icônico artigo de 1968, refere-se a uma situação na qual indivíduos, agindo em busca de seus próprios interesses, acabam exaurindo ou prejudicando um recurso compartilhado que é de vital importância para todos (HARDIN, 1968). Um exemplo clássico é o pastoreio em terras comuns, onde pastores aumentam seus rebanhos visando o lucro pessoal, mas isso resulta na degradação da pastagem, prejudicando a todos.

Implicações para a Sustentabilidade Ambiental

A tragédia dos comuns é uma narrativa que ecoa em questões ambientais contemporâneas. À medida que enfrentamos a exaustão de recursos naturais, a perda de biodiversidade e a mudança climática, torna-se evidente que a exploração insustentável de recursos compartilhados é uma ameaça real. A gestão adequada e a conscientização sobre a tragédia dos comuns são fundamentais para a promoção da sustentabilidade ambiental.

Governança de Recursos Compartilhados

A lição da tragédia dos comuns também se estende à governança de recursos. Mecanismos eficazes de regulamentação e cooperação são necessários para evitar o colapso de recursos compartilhados. Isso pode envolver a implementação de regulamentações governamentais, acordos internacionais ou a atribuição de direitos de propriedade.

Considerações

Em um mundo cada vez mais interconectado e consciente das questões ambientais, a tragédia dos comuns continua a ser um lembrete vívido dos desafios que enfrentamos na gestão de recursos compartilhados. A promoção da sustentabilidade e uma governança eficaz são essenciais para mitigar os efeitos dessa tragédia moderna. Através do entendimento desse conceito e da busca por soluções inovadoras, podemos trilhar um caminho mais sustentável para o futuro.

Referência:

HARDIN, Garrett. A Tragédia dos Comuns. 1968.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Dose de poesia com Khalil Gibran

Quando o amor acenar,
siga-o ainda que por caminhos
ásperos e íngremes.
Debulha-o até deixá-lo nu.
Transforma-o,
livrando-o de sua palha.
Tritura-o,
até torná-lo branco.
Amassa-o,
até deixá-lo macio;
e, então, submete ao fogo
para que se transforma em pão
para alimentar o corpo e o coração!

Khalil Gibran

Sobre o amor | poesia de Kahlil Gibran

O Amor

E alguém disse:
Fala-nos do Amor:

- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

O amor não possui
nem quer ser possuído.

Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.

Khalil Gibran

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Dose de poesia com Cora Coralina

 


“Mesmo quando tudo parece desabar, 
cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar, desistir ou lutar; 
Porque descobri, no caminho incerto da vida, 
que o mais importante é o decidir” 

Cora Coralina, poetisa goiana

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Somos instantes | poesia

Somos instantes
E por isso 
Precisamos viver com intensidade

Mas intensidade
Não é agitação
É profundidade

Vibrar com a alegria
As pequenas coisas

E chorar sem medo
Quando a dor chegar

Nunca deixar de acreditar
E sempre lutar, especialmente na adversidade

Amanhã é um novo dia
Com novas oportunidades

Mas não podemos esquecer, jamais
Que a vida acontece no agora
Não é possível economizar vida pra depois
Somos instantes

Roldan Alencar


sexta-feira, 9 de julho de 2021

Sobre poetas e cientistas...

 Voltei...o bom filho a casa retorna. Fazia um tempo que não aparecia por aqui. E só foi reler Rubem Alves que a vontade reacendeu, por isso digo e repito: Rubem Alves me toca a alma.

Não consigo ficar longe das palavras. Elas são o meu refúgio. Talvez a arte de brincar com as palavras é uma forma de brincar de deus, pois aqui, no campo da imaginação tudo é possível, tudo é tangível.

E tudo que eu vejo ou leio -  eu penso em transformar em palavras ou música. É algo que foge do meu controle, então não quero e nem posso reprimir. Confesso que é um exercício individual e egocêntrico, mas sempre fico feliz em compartilhar e mais feliz quando as pessoas se identificam.

Aqui não precisa de like, curtida, comentário. A escrita é um fim em si mesmo. Aqui é o lugar onde me encontro, isso mesmo, o lugar onde sei que vou estar. Tal qual o aforismo escrito no Templo de Delfos: Conhece a ti mesmo. Que tarefa difícil, penso que a poesia me auxiliará nesse processo.

A poesia é uma forma de maximizar a beleza do mundo. Tanto é verdade, que é até na dor e na tristeza,  a poesia enxerga beleza.

Minhas palavras são parte do meu projeto de eternidade. Se lerão minhas palavras no futuro, não sei. Isso não importa, o que é importa é que enquanto as escrevo me sinto mais vivo e de certa maneira atemporal.

Hoje vou compartilhar uma poesia que fiz quando lia Tempus Fugit do gênio Rubem Alves.


Sobre poetas e cientistas


Os poetas são as pessoas mais aptas a falar de amor. Os cientistas da mente querem encapsular o amor, receio que não seja possível. O amor é como o vento, não é possível aprisioná-lo, se o fizer ele deixa de ser vento. Assim é o amor, se prendê-lo deixa de ser amor. Para existir o amor é preciso liberdade. Só os poetas entendem a natureza errante do amor.


Roldan Alencar



terça-feira, 10 de novembro de 2020

Meu pai virou poesia...


Tanta coisa p'ra dizer que não foi dita
Tantos momentos pr'a se viver que não foram vividos
Mas aquilo que foi dito e vivido
Ah, isso é eterno
Nesses momentos de perda
Fica tão claro que a vida num átimo se esvai
E o que fica é aquilo que guardamos
Parece óbvio mas não o é

Só lembramos daquilo que nos toca
E é bem verdade que nem tudo é bom
Mas o propósito destas palavras não é chorar ou lamentar
Muito pelo contrário
É rememorar
Sobretudo dedicar neste espaço todo amor que tenho guardado
E que expressá-lo
Tentar transpor em poucas palavras a alegria, o conhecimento, a garra e o amor que ele me transmitiu
Muitas pessoas tiveram o privilégio
De conhecê-lo de perto
Sim, privilégio
Pois ele foi um homem que transmitia a alegria de viver

Às vezes a impressão que tenho é que ele foi logo ali e já vai voltar
Tudo agora é uma mescla de amor e saudade
Foram tantos momentos de luta e muito amor
A vida é um sopro
E isso é um lembrete
Não vamos desperdiçar

Roldan 


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Sobre disciplina....

“Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas, sim, de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.” – Hebreus 12:11



 “Dedique à disciplina o seu coração e os seus ouvidos às palavras que dão conhecimento.” - Provérbios 23:12

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Relacionamentos

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:

– Ah, terminei o namoro…

– Nossa, estavam juntos há tanto tempo…

– Cinco anos…. que pena… acabou…

– é… não deu certo…

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores. Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? 

E não temos essa coisa completa. 

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama. 

Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. 

Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. 

Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível. 

Tudo junto, não vamos encontrar.

Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele. Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona… Acho que o beijo é importante… e se o beijo bate… se joga… se não bate… mais um Martini, por favor… e vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar… ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice--versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.

Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento. Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração… Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse…A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. E nem todo sexo bom é para descartar… ou se apaixonar… ou se culpar…

Enfim…quem disse que ser adulto é fácil ????

Arnaldo Jabor

"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Clarice Lispector